Instinto adormecido
Sagrada noite, em pálpebras fechadas,
Saúdo o momento do repouso.
O argueiro ainda arde, mas não ouso
Abrir os olhos tristes às flechadas
De luz, mesmo de néon, tão friorenta
Como fio de morte que me invade,
Numa contraposição à inverdade
Da existência vã, mas que enfrenta
O sono mais que justo com pupilas
Cobertas pelas pálpebras serenas,
Sem ilusão de ser mar oceânico.
Em sono que, amada, não repilas,
Tranqüilo e mensurável pelas trenas,
Consigo ao debelar poder orgânico.