Soneto do amor à fúria
Saber desde a ternura até a fúria,
Só pode quem no amor alcança a glória
De ter em sua amada toda síntese,
Jamais o sentimento como hipótese.
E a amada saiba acolher a ira
Em calma como areia acolhe o mar,
Nas ondas de um corpo onde lira
Saiba um som bem doce derramar.
E os louros dessa glória na cabeça
Nem passam pois o amor é espontâneo,
É surdo ao que possa atrapalhar;
E sabe despedir toda lembrança,
Sem ter um pensamento consentâneo
Passado ou presente a marulhar...