Necrotério amoroso

Este pó, esta cinza, já foi fogo.

Mas manténs na lembrança algo cremado,

Acreditas que fênix ao teu rogo

Vá parir novamente alguém amado.

Esta sombra em teus olhos sem pinturas

É luxúria de carne aprisionada,

Traduz apenas fortes amarguras

De quem acha que a vida é tudo ou nada.

Esta morte carregas no semblante:

A máscara difícil de arrancar

Com as mãos que se deram ao amante.

Esta lembrança, rútila, suicida,

De carpir um amor que a porta tranca,

Em gris acabará na morgue frígida.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 09/01/2009
Reeditado em 08/01/2010
Código do texto: T1375021
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