A mulher da persiana ( ou A bela e a fera)
Entre as duas trevas guardas teu olhar,
num facho luminoso como persiana,
par de olhos de lágrimas que vão molhar
mesmo se tu fechares a veneziana.
Teus lábios nunca vi em bico ou sorriso,
não sei quem é o quê neste jogo voyer,
mas irei para o mar, navegar é preciso,
no cais a me aguardar há um velho destróier.
Mas voltarei ao porto com copo de cólera,
para bater à porta, ver abrir janela,
iluminar teu busto, semblante, cabelos.
Amar-te à insanidade que me encoleira,
qual fera amou na tarde encanto da bela,
quando a perna hirsuta c'outras fez anelos.