A mulher da persiana ( ou A bela e a fera)

Entre as duas trevas guardas teu olhar,

num facho luminoso como persiana,

par de olhos de lágrimas que vão molhar

mesmo se tu fechares a veneziana.

Teus lábios nunca vi em bico ou sorriso,

não sei quem é o quê neste jogo voyer,

mas irei para o mar, navegar é preciso,

no cais a me aguardar há um velho destróier.

Mas voltarei ao porto com copo de cólera,

para bater à porta, ver abrir janela,

iluminar teu busto, semblante, cabelos.

Amar-te à insanidade que me encoleira,

qual fera amou na tarde encanto da bela,

quando a perna hirsuta c'outras fez anelos.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 31/01/2009
Reeditado em 08/01/2010
Código do texto: T1414682
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.