Dor como ilusão da carne

Dor como ilusão da carne é o mel

do carrasco em sangue derramado quente;

mas há quem dor prefira em pontudo cinzel

ao ponto que a morte chegue e apoquente.

Somente então dirá chegado ao limite,

com palavra cifrada pedirá que pare

carrasco que no início levaria ao zênite

num êxtase sofrido, estranho e díspare.

Mas morte sempre chega antes do gozo pleno,

pois fora almejada como fortaleza

de suportar na carne dor sobre-humana.

A dor de existir renega a dor que empana

fruição do amor mui rubro, mas sem reino

dalgum dominador sobre uma fraqueza.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 02/02/2009
Reeditado em 08/01/2010
Código do texto: T1418421
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.