Dor como ilusão da carne
Dor como ilusão da carne é o mel
do carrasco em sangue derramado quente;
mas há quem dor prefira em pontudo cinzel
ao ponto que a morte chegue e apoquente.
Somente então dirá chegado ao limite,
com palavra cifrada pedirá que pare
carrasco que no início levaria ao zênite
num êxtase sofrido, estranho e díspare.
Mas morte sempre chega antes do gozo pleno,
pois fora almejada como fortaleza
de suportar na carne dor sobre-humana.
A dor de existir renega a dor que empana
fruição do amor mui rubro, mas sem reino
dalgum dominador sobre uma fraqueza.