Soneto da infidelidade

Vejo as lívias aquáticas no lago

abrirem-se em flor pela manhã,

colho-as e sorrindo ao vaso trago,

vejo rosar no rosto uma maçã;

percebo-a mui triste e de perfil,

são ínvias as fronteiras entre nós,

para uma paixão não há refil,

fui infiel agora estou à sós.

Lá fora o dia é lindo, o amor nos chama,

há peixes a nadar sob as águas,

mas haverá vontade sob as mágoas

causadas, que trouxeram-nos o drama

de sermos simulacros do que fomos?

Descasco uma laranja, como os gomos.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 07/02/2009
Reeditado em 11/10/2012
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