Abnegação
Faz tempo que não dorme com marido
aquela que condoída não abandona,
o homem que lhe trouxe amargo riso
por ter como amante outra dona.
A prole já crescida – o anelo –
já foi em despedida para o mundo,
o homem adoecido, não mais belo,
exige atenção cada segundo.
Mantém assim família nuclear,
tranqüila, em total fidelidade,
mas sem saber o que é felicidade.
Distrai-se ao ler Shakespeare, Rei Lear;
avança assim as páginas da idade,
sem nunca ter faltado com verdade.