CULPA POPULAR

Somos nossos opróbrios; os próprios carrascos;

ninguém pôs estas cordas em nossas gargantas;

eles trotam sem rédeas porque damos cascos,

acobertam seus crimes porque damos mantas...

Nós plantamos a selva e criamos as antas,

mas é nossa carcaça que vira churrasco

quando nossos castelos discordam das plantas

e desabam dos sonhos expondo o fiasco...

Porém eles não caem do seu carnaval;

fazem farra infinita e lhes damos aval;

ensaiamos protestos, mas nos falta voz...

Todos eles estão onde um dia os pusemos,

têm os lemes, guidãos, os volantes e remos;

levam cheques em branco assinados por nós...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 19/08/2009
Código do texto: T1763348
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