soneto confuso à alessandra espínola poeta

inspirado na obra de alessandra espínola

lápis tênue, em quando o sonho esfuma a forma

na fumaça, que esfumando escreve em sombra,

que, escrevendo, nunca escreve, pois que a obra

da fumaça é ser do fogo o que se sonha;

não em ser do fogo a fúria quando queima,

mas que queima em ser da fúria o mudo alento,

que, se mudo, só emudece em que tateia

quando escuro o que não diz senão silêncio.

mas carvão que na memória esfuma fala,

não na língua que se entende, na que cala,

que se entende só na língua que escrever;

pois, que escrito, nunca escrito fora feito

que não fosse o que escrever, quando em se sendo

que se escreve feto em fase que nascer.