A AGRICULTURA II

As macieiras estão tristes definitivamente,

Loucas, envergonhadas do seu sofrimento,

As Pereiras revoltadas, sem o grande alento…

As uvas a gritarem pra o universo realmente.

Os pessegueiros a chorarem convulsivamente,

Porque já ninguém quer mesmo saber nada,

Porém, lá andam, imenso tristes pela calada,

As enxadas, descontentes de verdade de repente.

Os morangos aos gritos, pra o infinito…

Na cambraia da noite, pérfida vida,

Ébria de sonhos, que já não acredito.

Nas mãos do sol deste tempo esquisito,

A terra glauca, sonhadora, dolorida,

E uma sombra loura, mas maldita.

LUIS COSTA

Domingo, 27 de Março de 2011

TÓLU
Enviado por TÓLU em 27/06/2011
Reeditado em 27/08/2016
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