SEM VOCÊ

Sou escravo do afeto quanto são do engenho

essas almas baldias de quem foi escravo;

tenho raiva dos dias em que não a tenho

e por isso me guardo; me tranco; me travo...

Minha vida é uma fruta sem polpa nem favo;

é ação desvalida no meu desempenho;

tem a mágoa da rosa que apanhou do cravo

e das cores que o tempo apagou no desenho...

Fico assim quando a casa pequenina e densa

vira um ermo infinito sem sua presença;

perde os ares de casa; ganha os de prisão...

Sua graça me falta feito à pipa o vento;

como fecham as portas para um ex-detento,

minha mente se fecha pra toda ilusão...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 16/09/2012
Código do texto: T3884724
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