Soneto do gato preto
Na calada da noite solitária,
escolado nos becos do perigo,
escalada de telhados, bem diária,
é o gato do meu terreiro, querido.
Todo negro, pelos fofos
sob a chuva, soturno,
desprendido de estorvos,
vive seu misterioso turno.
Ninguém sabe como come
ou a quem sempre avisa
de sua vida, se tem fome.
Mas habita meu terreiro
sua vida calma e branda,
seu andar rápido e sereno.