AMOR PENDENTE

Ela só me desenha; nunca pinta e borda;

põe as tintas de volta nos frascos do medo,

quando vê nos meus olhos que a quero e dou corda;

levo a sério seu jogo, topo seu brinquedo.

Mostra quanto me quer, mas retoma o segredo,

se liberto meus bichos; lanço a minha horda;

tem um samba envolvente que foge do enredo

e parece que amar a mutila ou engorda.

Mal me chama resvala pra fugir do eco,

oferece o seu vinho, mas vira o caneco;

põe os olhos no espaço, quando a boca fala.

Chega sempre tão perto, pra ficar deserta;

tem um beijo pendente na boca entreaberta;

ela tem minha senha; só não sabe usá-la.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 08/04/2014
Código do texto: T4761486
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