PRETO NO BRANCO

Sei ouvir o silêncio de quem faz que diz,

mas entoa palavras de puro festim,

cria imagens, decora, dá brilho e verniz

ou enrola discursos no melhor cetim...

Também ouço quem cala feito flor-de-lis

que se planta num vaso, longe do jardim;

meu olhar investiga, vai lá na raiz

e desnuda o mistério do começo ao fim...

Sendo assim nem se anime a me julgar um tolo;

já conheço essa massa, não como seu bolo,

minha fome de amor sabe o rumo do gueto...

Faça menos rodeios; não seja sutil;

anasale seu não, seja clara no til,

se meu branco está pronto a receber seu preto...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 30/05/2014
Código do texto: T4825425
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