soneto de amor da cor do cáqui

tal qual que o cáqui doce e cálido e vermelho

o chocolate de tua pele acobreada...

eu fosse a uva do teu vinho, — eu fosse o espelho

e eu fazia o teu olhar mi’a própria alma;

e eu fazia da tua boca o meu veneno —

e me matava em que bebesse-te a nudez;

e eu despia qual que o cáqui o teu moreno

em ter o fruto avermelhado de tua tez...

e eu cumpria o juramento da mãe terra,

igual que chuva — te tecendo em minha espera

e te buscando desde o caule e desde a flor;

e qual que sol fazendo o doce no teu riso, —

eu fosse deus e eu te fazia o paraíso

e me era o cáqui a cor do pomo tentador.