o possível soneto

com métrica perfeita e arremedo

dos moldes consagrados, um soneto

quis eu te dedicar, olhando estrelas,

levando-te a voar sem estribeiras...

pensando em tempo outro, sem mesuras,

de era mais antiga ou mais futura.

queria ainda olhar alienado,

fazer-te amar a flor ali ao teu lado.

não pude isso contanto o quão queria,

te dar um só instante de alegria

em meio a esse tumulto tão hostil,

— vil corja maculando com escracho

do mal legislativo ao judiciário,

horrores neste chão do meu Brasil!