SEM ABRIGO

SEM ABRIGO

Dormindo nos bancos dos jardins ao léu

Pelos vãos de escada, debaixo das pontes,

Tendo como tecto tanta vez o céu

E como horizonte não ter horizontes,

Assim vão na vida, boléu em boléu

Que de amor não houve raízes ou fontes

O sol, de encoberto, nunca lhes nasceu

Perdido na bruma que cobria os montes

No saco um pão duro, ou nem sequer pão...

Olhando o futuro com o que lhes dão

A esmola… a moeda, num gesto tão breve

E vêm doenças... o tempo se esfuma

Num tempo que é tempo de esp'rança nenhuma

A não ser aquela de que a morte os leve...

Joaquim Sustelo

(editado em OS MEUS CAMINHOS)

Joaquim Sustelo
Enviado por Joaquim Sustelo em 20/07/2007
Código do texto: T572561