Um poema árcade

Se houver uma esperança perante a languidez da vida,

Talvez ainda haja um amor por se encontrar, mas a dor

De viver na sofreguidão da lida faz eu mesmo chorar,

Por isso preciso da imensidão dos espaços, a sofrida

Paisagem dos campos das ovelhas onde eu possa à cor

Verde entre as árvores divisar, e, colhendo os frutos a provar,

Vou acompanhar a branca iluminada do sol que me sorri,

Mas o seu vestido sobre a grama, contornando as suas

Pernas lhe deixa ainda mais bela, como uma ovelha que vi

Ser devorada pelo seu próprio cão, um lobo que a viu nua

Banhando-se num rio e eu sofri a solidão desgostosa, mas

Resolvi permanecer vivo e virei poeta, a chorar pelas ruas

Da vida, bebendo e cantando os vagabundos, e, nas

Caladas das noites, chorei pela voz doce e esta não é sua...

Ulisses de Maio
Enviado por Ulisses de Maio em 24/09/2016
Código do texto: T5771304
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