NEM DE MIM

De repente um buraco sem lados nem fundo;

solidão mais aberta que o próprio infinito;

minha vida parece perder-se do mundo,

como esvai no deserto o desejo do grito...

Alegria em meu caso é uma espécie de mito;

já não tenho mais sonhos, pois nenhum fecundo,

nem me presto à miragem como crença ou rito;

sou espírito errante, corpo vagabundo...

Caçador nem de mim, pois me dei por perdido,

meu silêncio profundo só faz um pedido,

para ver se consigo descansar em paz...

Quem me vir por aí não repare o miasma

de vazio, de abismo, de sombra e fantasma;

nunca mais fui quem fui, sou só quem aqui jaz...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 31/07/2007
Código do texto: T586952
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.