Abraço mortal

Quando o desejo é fome transcende a angústia
e busca o contato com o alimento,
que esteja sobre a mesa, para a qualquer momento
não enxergar da luz mesmo a menor réstia

o que em contradição o mate, sem matá-lo,
num matar ou morrer que o faz triste e perverso,
cheio de inconveniência ao encostar o falo
no lugar onde há frente e também há o verso,

ser verso de poema que lhe meta o braço,
sem que o desejo aceite este piparote,
e vá sempre à procura de dar outro bote,

em amor clandestino nalgum camarote
de boate chinfrim onde se amarrote
corpo em outro corpo por causa do abraço.
Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 15/03/2018
Reeditado em 15/03/2018
Código do texto: T6280779
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.