A pantera pungente era o dorso do rio

Risco vinha de dentro e era o real perigo,
vinha da fúria imensa, sempre impotente
em se fazer sorriso, em se fazer contente,
em fazer o que quero, mas nunca consigo;

vinha de um riscado que arranhava a voz,
vinha de construir uma falta de teto
que permitisse ao homem o caminho reto
e não fizesse o rio ser eterna foz,

vinha desse fluxo do rio que fui e era
somente uma derrama, somente enchente,
capaz de arrebentar qualquer mordente,

rio que não possuía a fluidez da pantera
mas que mordia a terra mesmo sem ser dente,
rio que corre agora quando enfim pungente.
Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 09/08/2018
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