Entre uivos dos montes e ondas dissonantes

Além de beira-mar de frente há horizonte
de costas para o mar há terra a vista,
se na terra pisada há sempre o trás-o-monte
no mar existe a onda onde o corpo invista

braçada a superá-la até achar mar raso
que é a mesma beira-mar onde se achava antes,
lugar inexistente onde sempre me atraso
entre ondas e montes sempre dissonantes,

como se alcançasse as notas musicais
que levem a estranhar como conseguiu Igor
Stravinsky no mar de sons que demandava um cais

que a poesia ao criar o fizesse em vigor
capaz de suportar o espaço onde caís-
te, poesia, dentro do mar com seu rigor.


 
Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 13/08/2018
Reeditado em 13/08/2018
Código do texto: T6417762
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