SONETO FORÇADO

Hoje sinto a poesia engarrafada

entre as vias ou veias em conflito;

quanto mais a procuro, chamo e grito

mais a perco no abismo do meu nada...

Choro a seco, meu brado soa mudo;

sai dos olhos e some pela estrada;

gasto verbos na folha rabiscada,

mas não digo a que vim depois de tudo...

De repente a poesia vem à marra

feito bicho acuado que se solta;

filho dócil que um dia se desgarra...

Foi um feto inspirado, porém torto,

que rompeu as amarras da revolta

e nasceu apesar de quase morto...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 15/08/2018
Código do texto: T6419586
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