A alma e as janelas do corpo


Quando a fraqueza do corpo
traduz cansaço da alma
a medicina diz que isso é depressão,
mas é a ausência da alma
nada mais que mortificação da morte,
contra qual a medicina pode
muito, mas não pode tudo,
sendo a mortificação da morte
a mortificação da própria vida
se perde o sentimento
de ser com a morte que a consciência
é nascida, no limite do corpo
não transcendente ao tempo
de existir enquanto a existência
é o poder ter alma o tempo inteiro.

Pensar não é apenas o logo existo,
há sentidos vários na palavra logo,
há a ansiedade do imediato
quando o logo torna ausente
o diálogo e mata o logos plural
do logo que demanda mais tempo
para a palavra ser dita até o fim.

Quando a palavra é dita até
ser compreendida é que foi dita,
e a palavra completamente
dita é a presença da alma
que ao invés de deixar marcas
deixa no mundo eternidades
e faz o mundo mais sereno
e faz sereno ser orvalho
e faz orvalho ser o frescor da pela
na madrugada em que houve amor.

Suor que descansa a alma,
na hora em que a alma se faz
folha e flor, caule e raiz
sempre que o corpo ouça
o que fala a palavra bela,
quando as janelas são
asas que deixam o sol entrar.
Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 16/08/2018
Código do texto: T6420416
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