IMPRODUTIVOS

Ao ficarmos brincando de ser nossos

numa história que há muito se desfez,

como quem sem a carne rói os ossos,

faz de conta que a tem mais uma vez...

Burlaremos em nós todas as leis,

colheremos bagaços e destroços

nos divãs, nas milícias ou nas greis,

numa fuga enfadonha dos remorsos...

É que um dia, esgotado o nosso prazo,

tudo fica tão vago, insosso e raso

e não pode forjar qualquer motivo...

Depois resta o caminho da procura

do milagre, o fenômeno da cura,

qualquer outro caminho improdutivo...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 08/09/2007
Código do texto: T643831
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