A contradição boêmia do remador de um mar mínimo


É da boca da noite que me vem o hálito
ainda mal dormido de uma língua rota
que não bafeja nada mais ainda arrota
saudade do que sempre me fez ser aflito,

fazer vazar dos olhos pelo céu da boca
toda verdade crua se não me redime
ao menos alivia o que ao meu peito oprime,
embora ainda alargue a cabeça oca

uma dor escavada entre o cuspe e o cuspe
que ao invés de ser cuspida é a que faz cuspe
no chão de uma sarjeta onde a Lua treme

sob barco de papel onde há aceso lustre
a iluminar convés onde nada se frustre
na hora em que boemia o braço ainda reme.
Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 18/09/2018
Reeditado em 18/09/2018
Código do texto: T6452292
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