A imensidão do ar
Se fosse escrito um retrato
do rio que vi levar tanta
gente sem ver meu rosto
no leito, teria de haver
a pausa em mim encontrada
à margem da correnteza
como coisa de estratego
face à cegueira das águas.
A incontinência do tempo
fez o fluxo ser mais forte,
com suas unhas cavou
o eito do rio e a largura
afeita à transbordamentos.
A pausa perdeu a pose
e exigiu manobras várias
no ecletismo da fuga para
onde ninguém se encontrava.
Mesmo quando houve bacia
no espelho da lâmina líquida
a imagem se esmaecia
entre a superfície e o rosto,
como se fosse sol-posto
antes de o sol ter nascido
para desenhar retrato
com luzes vindas de dentro
do rio assim construído
qem projeto barqueiro.
Isso tudo acontecia
com a rapidez de um átimo
a vocação mais sincera
era para ser passageiro
na alegria da viagem
entre o sol que não nascia
e o crepúsculo vingado
pelo trabalho do parto.
Labuta de dia a dia
pelo pão e pelo amor,
entre os suores da força
e os pensares sem fundo
de barco quase à deriva
movido por circunstâncias
que ora criavam atalhos
ora eram sinuosas
como corcova de cobra.
Assim transcorreram décadas,
retratos foram tirados
para documentos, festas
que escondessem o rosto
da face e do semblante,
que somente surgiria
mais adiante e à frente
do espelho das águas do rio.
Quando é o rio que faz pausa
e aguarda quem o desenha,
sem se preocupar com o mar
onde o desenho do rosto
sempre cabe nalgum náufrago
que quis a pressa de ir
onde a doçura da água
não desemboca em catarses,
para no fim
se salgar,
salgar,
sal,
ar.
Se fosse escrito um retrato
do rio que vi levar tanta
gente sem ver meu rosto
no leito, teria de haver
a pausa em mim encontrada
à margem da correnteza
como coisa de estratego
face à cegueira das águas.
A incontinência do tempo
fez o fluxo ser mais forte,
com suas unhas cavou
o eito do rio e a largura
afeita à transbordamentos.
A pausa perdeu a pose
e exigiu manobras várias
no ecletismo da fuga para
onde ninguém se encontrava.
Mesmo quando houve bacia
no espelho da lâmina líquida
a imagem se esmaecia
entre a superfície e o rosto,
como se fosse sol-posto
antes de o sol ter nascido
para desenhar retrato
com luzes vindas de dentro
do rio assim construído
qem projeto barqueiro.
Isso tudo acontecia
com a rapidez de um átimo
a vocação mais sincera
era para ser passageiro
na alegria da viagem
entre o sol que não nascia
e o crepúsculo vingado
pelo trabalho do parto.
Labuta de dia a dia
pelo pão e pelo amor,
entre os suores da força
e os pensares sem fundo
de barco quase à deriva
movido por circunstâncias
que ora criavam atalhos
ora eram sinuosas
como corcova de cobra.
Assim transcorreram décadas,
retratos foram tirados
para documentos, festas
que escondessem o rosto
da face e do semblante,
que somente surgiria
mais adiante e à frente
do espelho das águas do rio.
Quando é o rio que faz pausa
e aguarda quem o desenha,
sem se preocupar com o mar
onde o desenho do rosto
sempre cabe nalgum náufrago
que quis a pressa de ir
onde a doçura da água
não desemboca em catarses,
para no fim
se salgar,
salgar,
sal,
ar.