A falsidade 

Para manter-se viva a dor anda à busca
de tudo que a excite e a arraste em chão,
mas tudo que a excita ao amor ofusca,
e todo movimento é só falsa ação.

O sexo é só prazer, mas não é satisfação,
mas a mão não alcança nem o próprio sexo,
porque o encontro torpe do côncavo e o convexo
é o olhar perdido dessa ilusão

que torna os olhos frios e extingue o calor
humano que houve em ser, antes dessa geleira,
de grande iceberg sem eira nem beira,

onde ao fim de tudo há o susto e o pavor
de ver essa frieza de forma inteira
sem parte submersa e sem ter quem a queira.

Cora Colatina, escritora capixaba nascida em Carícia Seca
Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 03/02/2019
Reeditado em 03/02/2019
Código do texto: T6565738
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