O HOMEM E O PÁSSARO NA MESMA GAIOLA

Coitado do homem da grande cidade,

Trancado em casa por trás do portão,

Qual passarinho sem ter liberdade,

Quase vivendo em igual condição!

Os dois na prisão cantando saudade,

Pássaro e homem no mesmo refrão;

Um por causa da humana crueldade,

O outro com medo do astuto ladrão!

Coitado do homem, nem se dá por conta

Que a liberdade ele mesmo afronta,

Mantendo o pássaro em uma prisão.

Ele, na verdade, é que está mais preso

Do que o passarinho — pobre indefeso —

Encarcerado sem culpa, razão!