Domingo em tempo de perdas

-

Tempo de muitas perdas, menos a do sol,

da abelha que pousa sobre a margarida.

Quando a delicadeza abre o lençol

e a palavra mais pérvia não quer briga

-

na manhã de domingo cheio de janelas

abertas para a luz como fossem olhos,

retirando das íris todos os antolhos,

não só para olhar todas as coisas belas,

-

Porque se há o domingo há também a trégua,

para acertar a conta e passar a régua

do que ainda é excesso, sujando a mesa

-

com gordura e migalhas. Enquanto a légua

à frente não demanda pressa, pois sem pressa

é que o amor ao domingo melhor se apreça.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 31/01/2021
Código do texto: T7172813
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.