Domingo em tempo de perdas
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Tempo de muitas perdas, menos a do sol,
da abelha que pousa sobre a margarida.
Quando a delicadeza abre o lençol
e a palavra mais pérvia não quer briga
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na manhã de domingo cheio de janelas
abertas para a luz como fossem olhos,
retirando das íris todos os antolhos,
não só para olhar todas as coisas belas,
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Porque se há o domingo há também a trégua,
para acertar a conta e passar a régua
do que ainda é excesso, sujando a mesa
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com gordura e migalhas. Enquanto a légua
à frente não demanda pressa, pois sem pressa
é que o amor ao domingo melhor se apreça.