Meados de março de 2021 -
Quando maio chegar, terei enterrado em março
o fastio e o enfado para criar do tédio
a paz que nos faz falta, a voz que revigora
quem tem amor à vida. Como a flor de maio
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que não contem espinho e tem discreto odor,
como a boa palavra que quer ser ouvida.
E terei enterrado em março o sofrimento
para que em maio caibam dores e alegrias.
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O fastio possui o dom do esquecimento,
o enfado nos leva ao tédio reflexivo.
Agradecerei a março ter continuado a estar
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no mundo. Pois as águas de março tristíssimas
derramaram as lágrimas das dores veras.
Março triste, sofrido, desde o seu início.