Chuva forte de uma sexta-feira

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A chuva passa mais depressa agora

em tempo em que o navio aceita a âncora

como se flutuasse espaço aberto

sem entretanto ver nenhum chão por perto.

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Se intensifica mais no céu da noite escura,

porque escuro é o vazio em seu dentro,

o escuro é visceral e nada o segura,

submergido em chuva o navio é o seu centro.

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Talvez não exista o chão no oceânico

vazio que ainda assim enxerga o quebra-mar.

O porto do navio é o seu próprio convés,

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nessa chapa de ferro é que estão os pés.

O mar de chuva dentro não há de naufragar

quem sabe o mar total e o mais completo pânico.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 12/06/2021
Código do texto: T7276995
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