SOMBRAS NA NOITE.

SOMBRAS NA NOITE

Quando se finda a tarde, em tons canela,

E queda-se em silêncio o campanário,

E cerra-se janela após janela,

E a rua silencia o itinerário...

 

E o pássaro da noite é sentinela

Num cimo desgastado, centenário,

Medita, melancólica, amarela,

A lâmpada de um poste solitário,

 

As sombras movimentam-se ao luar...

Altas, difusas, lentas, a vagar,

Tal como numa estranha procissão.

 

E a marcha vai seguindo sem igual...

Na tremulante luz de castiçal,

Minha alma vai também, na multidão...