Passagem
As vezes sinto à noite o invisível cortejo,
De vidas passadas em um caos de gemidos
O tropear vago, confuso bater de asas hálito e beijo
São coisas sem rosto, seres escondidos.
E miseravelmente percebo entre torturas e beijos
Teu perfume, teu sabor e teus dedos incompreendidos,
Teus sussuros que não ouço, cores que não mais vejo,
É um mundo superior aos meus cinco sentidos.
Ardo em febre não vejo, mas sei vagueio acima
Estou fora de mim, só sobrou dúvidas e me espanto!
E na sideração, que um dia me encontre me redima.
Então liberto, volátil flutuarei feliz no seio etéreo
E ó morte, rolarem no teu piedoso e acolhedor, manto
Para o deslumbramento mágico da minha morte em vida.
Fernando Alencar
3205/2018**03:40