Passagem

As vezes sinto à noite o invisível cortejo,

De vidas passadas em um caos de gemidos

O tropear vago, confuso bater de asas hálito e beijo

São coisas sem rosto, seres escondidos.

E miseravelmente percebo entre torturas e beijos

Teu perfume, teu sabor e teus dedos incompreendidos,

Teus sussuros que não ouço, cores que não mais vejo,

É um mundo superior aos meus cinco sentidos.

Ardo em febre não vejo, mas sei vagueio acima

Estou fora de mim, só sobrou dúvidas e me espanto!

E na sideração, que um dia me encontre me redima.

Então liberto, volátil flutuarei feliz no seio etéreo

E ó morte, rolarem no teu piedoso e acolhedor, manto

Para o deslumbramento mágico da minha morte em vida.

Fernando Alencar

3205/2018**03:40

Fernando Alencar
Enviado por Fernando Alencar em 17/06/2022
Código do texto: T7539876
Classificação de conteúdo: seguro