DESENCONTROS

Tu foges quando chego e chegas quando fujo;

minha idade é sem tempo de jogos assim;

se te quero por dita não me aceitas cujo,

quando canso e sou não é que me dizes sim...

Teu começo tem vício de ser do meu fim;

chegas mansa no ponto em que detono e rujo;

tua flor só rebenta na pedra em meu rim,

só és mar quando canso de ser teu marujo...

Crueldade com toques de fino aparato;

uma gata no cio que me faz de rato,

pra depois ser um rato muito mais veloz...

Quero muito saber o que de fato anseias;

por enquanto só vejo a profusão das teias

neste caos indizível que se fez de nós...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 03/02/2008
Código do texto: T844836
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