Tankas

Longe vai o dia-

Como ficam alongadas

as noites de inverno.

Lá se vão os pescadores.

Cada vez mais longe os peixes.

Janela do trem-

A aldeia ficou para trás

meu amor também.

Mas, duas coisas me seguem.

O perfume dela e a lua.

Cruzando o canal

segue lento o Ferry-boat-

Meu amor me espera.

Antes de a barca atracar

já estou nos braços dela.

Nesta noite fria

a neve se agarra aos galhos

e eu às cobertas.

Já o meu coração solito

se agarra à saudade dela.

Fim da tempestade-

A pipa presa no fio

agora despida.

Balança o seu esqueleto

sem o afeto da criança.

Amanhece o dia-

o gramado do jardim

igual meus cabelos.

A vila parece inóspita.

Geou nesta madrugada.

Ao me barbear

o espelho reflete um rosto

muito familiar.

Alguém que partiu há muito.

O rosto do meu pai.

Visitem o meu blog: http://haikaisehaikais.blogspot.com

De José Alberto Lopes®

José Alberto Lopes
Enviado por José Alberto Lopes em 09/06/2017
Reeditado em 20/06/2017
Código do texto: T6022975
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