SOBRE A INTUIÇÃO

"O que seria ter boa “intuição”, se nem sei o que escrevo?"

– M.P., via Orkut, 11/05/2011, 01h25min.

“Em psicologia, INTUIÇÃO é um processo pelo qual os humanos passam, às vezes e involuntariamente, para chegar a uma conclusão sobre algo. Na intuição, o raciocínio que se usa para chegar à conclusão é puramente inconsciente, fato que faz muitos acreditarem que a intuição é um processo paranormal ou divino. Seu funcionamento e até mesmo sua existência são um enigma para a ciência. Apesar de já existirem muitas teorias sobre o assunto, nenhuma é dada ainda como definitiva. A intuição leva o sujeito a acreditar com determinação que algo poderá acontecer, em dado momento.” (Wikipédia).

Reporto-me ao teu questionamento. Acresço algo mais: a intuição é uma faculdade espiritual em que não se faz presente a intelecção e nem é precedida pela mesma. Muitos poetas de baixa instrução, quase analfabetos, podem possuir expressiva faculdade intuitiva. Em Poesia, quando do jorro emocional que dá vazão ao surgimento do embrião do poema ou da prosa poética, no primeiro momento de criação, a INTUIÇÃO está fortemente presente. É a esse instante que usualmente chamamos "inspiração". Depois, é necessário cinzelar o escrito, no segundo ato criacional – o da "transpiração" – em que prevalecerá a "intelecção". A maioria dos iniciantes, por achar que "o poema nasce pronto" não faz o segundo momento, que é o que vai dar forma definitiva à peça textual. Para alguns autores (inclusive eu) o poema nunca está realmente pronto, porque ele é areia movediça sob o peso do mundo real, e, como tal, se mexe e remexe – remexidamente – como qualquer matéria viva.

– Do livro NO VENTRE DA PALAVRA, 2011.

http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/2963227