ESTÉTICA DO TEXTO NA PÁGINA

Interessante o pensamento sobre o "Amor Ilusório". Objetivo e claro. Só não entendi algo. Se não é um exemplar de Poesia, porque inexistentes as figuras de linguagem, principalmente a metáfora (e, sem elas, não há porque se falar em Poesia), por que escrever o texto em versos? Abraços e beijos do poetinha JM.

(Orkut, 18/07/2011)

“O que é que eu vou te responder?

Que não sei...

Acho que me preocupo com a disposição das

palavras - depois de ter conhecido formatações

na net - Faz pouco tempo que eu tenho net

E quem faz meus cartões poéticos, são amigas

minhas, eu ainda não sei como se faz.

Cecília Fidelli.

(Orkut, 18/07, às 23h31min)

Alguns colegas – por pouco entenderem de Prosa ou Poesia – apresentam os textos (formatação) em obediência à estética, tal como ele a concebe: o que importa é o visual. Fica mais bonitinho apresentar o escrito em versos... Há uma especificidade em relação à concepção feminina: podes notar que a maioria dos textos aparece, na página, “centralizados”, sem nenhuma obediência à marginação à esquerda, que é o formato culto de apresentação dos textos, nos livros. As atuais coletâneas, feitas por editores(as) amadores(as), têm adotado esse formato. Como nos textos de nossas irmãs escribas a predominância é a do universo lírico, o pretenso poema vem como uma espécie de "recadinhos amorosos". E não é este o formato dos bilhetinhos de amor? Afinal, os “recados” do Orkut não são uma nova versão dos “bilhetes” da juventude, preciso relato da linguagem oral? Parece-me um cochicho da memória juvenil... Bem, no mérito. Percebo que tu estás pretendendo fazer literatura. Ou estarei enganado? Parece-me, sim, tanto é que o bilhete acima aparenta estar escrito em versos. Para alguns autores, todo o escrito, na net, vira poema... E isso não me parece benéfico à Poesia como gênero literário. É urgente que o criador saiba fazer a separação entre a apresentação do escrito em frases (Prosa) ou em versos (Poesia). Para tanto, procurei provocar a reflexão sobre o assunto... Que tal fazer como qualquer autor que pretenda se apresentar bem à posteridade? Para que tal possa ser objeto de opção, é necessário que se tenha razoável informação. Se a opção for pela estética, que valha a escolha. Até pode que se esteja construindo uma (nova) estética baseada na informalidade... E a Poesia, na sua vertente informal, não é a linguagem dos “poetas malditos”? Todavia, os tais “recados de amor” são peças muito comportadinhas para serem adotadas como malditas. Na maioria, são abençoadas pelo desejo como vertente de insatisfação. Também nas benditas fugacidades do ser e do corpo. Nada de despudores...

– Do livro NO VENTRE DA PALAVRA, 2011.

http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/3108384