O ESPELHO INVERTIDO

O poema (com Poesia) é sempre o espelho invertido do real com o fito de propiciar a ilusão. Cabe ao poeta ser o ilusionista dos sonhos, além de fazer-se, em vários momentos profeta de um mundo novo. No reinado do sentir tudo é possível de ser favorável, porém somente para o futuro. É um vir a ser. O presente quase que invariavelmente é hostil e é por esta razão que necessita de mudanças. O Novo não é em si o poema, porém este é bálsamo redentor ou tábua de salvação. Depois de confeccionado pelo autor ou entronizado no leitor, é que, na ânsia de mudanças, o espírito se encarregará de sobreviver aos antagonismos do mundo dos fatos. O poema não se destina a ser um moto-contínuo. Muito antes pelo contrário...

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014/15.

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