PARINDO O POEMA

Procura descobrir, nos poemas de teu irmão-poeta preferencial, as raízes do estranhamento que te prende a ele e o Mistério (que subjaz nele) porque este é único e é o que realmente produz o poema com Poesia... Sabias que o tal Mistério normalmente está no outro e que em ti não o consegues reconhecer de pronto? E o teu texto – acrescido de experimentações – poderá conduzir à chave do portal da clausura. Todavia, sempre haverá outros portais cuja chave se terá escafedido, por mais que a procures. Afinal, o tempo de espera correrá sempre a teu favor. E será mais plausível aprenderes a linguagem codificada dos magos. Ainda que a ansiedade de chegar ao território do Nunca fustigue o teu corpo com as dores do parto e firmemente proponha o nascimento antes da hora. Talvez seja por isso que a maioria dos poemas venha a ser apenas embriões ou, no máximo, fetos natimortos. Em regra, são frutos não sazonados...

– Do livro OFICINA DO VERSO, 2014/16.

http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/5653259