SENADO ÉTICA E DECORO?

SENADO ÉTICA E DECORO?

Evilazio Ribeiro- estudante

O Senado, nos estertores da degradação, acaba de surpreender a sociedade ao ultrapassar todos os limites do que se poderia esperar de parlamentares, habituados a se tratar por excelências até mesmo na hora do xingamento, para optar pela falta de ética e de decoro parlamentar. Depois de três meses da paralisação do Congresso, com o bate-boca sobre a renúncia ou o licenciamento do presidente do Senado. O protegido de Lula, o senador José Sarney (PMDB-AP), faz a sua longa defesa, em discurso sem aparte, e com o plenário lotado, parecia o sinal de uma pausa para antevermos opções clássicas: “da renúncia ou licença negociada do presidente, ao ainda à decisão pelo voto do plenário”. Não foi o que ocorreu! Já que o equilíbrio não existiu, só serviu para exasperar os nervos tensos para o repeteco da baixaria. No desatino dos exaltados dos dois lados, inseguros no confronto de idéias nos deram à sensação de que o Senado partira para ”o tudo ou nada”. Os senadores trocaram palavrões, ameaças de desaforo pessoal, do tipo, “espero V.Excia lá fora”, “palavrões de baixo nível”, impróprios para parlamentares, que compoem a câmara alta do Congresso Nacional do Brasil. Esquecendo que Senado criado junto com a primeira constituição do Império, outorgada em 1824, e foi inspirado na Câmara dos Lordes da Grã-Bretanha, mas com a república foi adotado um modelo semelhante ao do senado dos Estados Unidos espera do seu integrantes comportamentos dignos, e não protagonizem um espetáculo de botequim que a TV senado apresenta.

È triste recordar o clímax da tensão foi protagonizado pelos senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL) que quase chegaram ao embate físico. A confusão foi provocada pela leitura pelo senador Renan Calheiros da representação do PMDB contra o senador Jereissati encaminhada ao Conselho de Ética. Na leitura, o líder do PMDB excedeu-se nas ironias e provocações ao senador Jereissati.

Daí em diante a troca de desaforos baixou ao calão. Jereissati: “Senador Renan não aponte este dedo sujo para cima de mim”. E no revide: “O dedo sujo é de V.Excia, são os dedos dos jatinhos que o Senado pagou”, numa alusão a denuncia de que Tasso usou parte da verba indenizatória para fretar jatinhos. Alem dos xingamentos seguintes, além dos mais chocantes, como coronel de matéria fecal e cangaceiro de terceira categoria, só a intervenção de senadores evitou a briga de dois senhores.

Não adianta a sociedade se indignar com as práticas de quem foi eleito para representá-la. No caso do Senado, é preciso que seus integrantes deixem de se acusar e de reforçar a idéia de que sobre todos pesam acusações, optando por insistir na cobrança de investigação rigorosa e a punição para quem se desviou da boa política.

É particularmente importante observar o respeito à “Res publica”, à coisa pública, que não podem se sujeitar os interesses privados ou particulares. Por isso, o poder político deve ser exercido de modo institucional e não pessoal. Quem está no poder encontra-se nessa posição enquanto representante do povo. Ele não é o dono do poder. O processo democrático pode ser prejudicado pelo desvirtuamento da atividade política, quando ela se volta para interesses particulares, ou se faz ao sabor de casuísmos, oportunismos e conchavos de maus politicos.

Mas será que a culpa disso pode ser atribuída somente à classe política? A própria população, também, não seria responsável pelo problema, com sua postura despolitizada e não-participante?

“Se você não pode convencê-los, confunda-os” Harry Truman.

evilazioribeiro
Enviado por evilazioribeiro em 09/08/2009
Código do texto: T1744849
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