t ro v a s

A vida anda tão restrita,

tão restrita anda a vida

e eu ainda busco guarida

nesta senhora mal-dita.

Escreveu o romancista,

"o homem, poliedro imenso",

milhares de faces a vista

que não chegam ao consenso.

Fazemos versos "a revirias"

eu e o escriba bissexto,

versejando todos os dias

até praticamos incesto.

Ando à procura no mundo

do veio dos ventos uivantes,

aqueles mesmo, ventantes,

os tais ventos giramundo.

Estou com os livros - meu mundo,

embrenhado na biblioteca,

onde o silêncio é profundo

e o grito é baixinho - heureca !

Mesmo atrelado aos tais

ditames da pura Razão

não renunciarei jamais

às doçuras do coração.

Caneta, a pecinha realeza

que pereniza meus versos,

captando comigo a sutileza

na lonjura dos universos.

Tenho tido gostado de ser

assim como tenho sido,

um ser que se passa esquecido

desde a manhã ao anoitecer.

Haverá melhor gostosura

nestes tempos setembrinos

do que os ares assobiolinos

que deixaram a clausura ?

A nuvenzinha no céu

parece não ter intentos

vai graciosa pra dedéu

invadindo os pensamentos.

Silmar Bohrer
Enviado por Silmar Bohrer em 13/09/2008
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