T ROVAS DA PRIMAVERA

Ventos da noite, ventinhos

com ares de primavera,

vou esperando essa quimera

tecendo alguns versinhos.

São doçuras os cantares

das cantoras andorinhas,

a flutuar pelos ares

as ligeiras avezinhas.

Outra vez é primavera,

vêm chegando os brotinhos...

É a magia da nova era,

despontam os pequenininhos.

Mais cantam e mais encantam

os grilos boca-noitinha,

a orquestra 'tá afinadinha,

dó-ré-mi-fá(s) acalantam.

Giramundos, vão em jorros

os ventinhos caminhantes,

há ventos uivando nos morros,

há praias dos ventos uivantes.

Amanheceu azulado

o meu setembro querido,

viverei dias de alumbrado

até que ele tenha partido.

Parece bem povoado

o porongo da corruirinha,

tem gente pequenininha

num ti-ti-ti alvoroçado.

Nos parques entre a hera

verdadeiros querubins,

e as floradas nos jardins,

oh minha doce primavera.

Ventos ventinhos ventura

parecendo uma quimera,

indícios de primavera

nesta tarde gostosura.

Flutuando pelos ares

navegam as avezinhas,

ao sabor dos seus cantares,

ando... andori... andorinhas.

De algum canto sou apenas

tão-somente um diletante,

meu verso carrega as penas

e os pensares de um pensante.

Esses ares já tão quentes

anunciam uma nova era,

perfumes envolventes,

respiramos a primavera.

Algo mais sensacional

do que o brotinho se abrindo,

uma vidinha então vindo,

oh natureza magistral.

Aqueles lances impudicos

voltaram na galharia,

é o namoro dos tico-ticos

na maior algaravia.

Meus versos pra primavera

parecem ser sempre iguais,

é que ninguém nunca jamais

consegue louvar essa quimera.

É a magia da nova era.

Silmar Bohrer
Enviado por Silmar Bohrer em 28/09/2008
Código do texto: T1200868