T R O V A S (4)

Os ventos andam ventantes

pelos caminhos dos céus,

são passageiros errantes

ventanejando pra dedéus.

Brilhos tantos, tantos brilhos

nestas noitadas avantes

são apenas estribilhos

dos teus olhinhos brilhantes.

Net, tragédia, sangue no jornal,

notícia que se multiplica,

bons tempos, bons ares, que tal,

e a doce vida, onde fica ?

Uma festa na boca-noitinha

invade o meu "bosco" santo,

a sinfonia é um acalanto

do sabiá, do canário, da corrruirinha.

A casa já andava vazia,

mais vazia tem tido estado,

tua ausência é bicho danado

que espeta e cutuca a "reviria.

São versinhos sem afinco

que escrevo sobremaneira,

muitas vezes até brinco

com versos de brincadeira.

Alongar-me noite a dentro

não é nenhuma novidade,

é que busco a preciosidade

do verso bem no acalanto.

Sábado mal-encarado,

opaco, denso, moribundo,

olhar de soslaio pro mundo,

até o verso parece zangado.

Soberana e altaneira

ali no beiral da casa

a corruíra canta faceira

tendo o mundo sob sua asa.

Estamos em altas horas

confabulando baixinho,

as musas, divinas senhoras,

dão inspiração ao versinho.

Mágicos momentos acá

à sombra da guajuvira,

o canto puro do sabiá

e a cantiga da corruíra.

Masca-se... masca-se... masca-se

essa essência do universo,

e molda, e lapida, e lasca-se,

e temos a fusão do meu verso.