T R O V A S (5)

São tantas as quimeras

que têm me abastecido

e nenhuma delas tem tido

os encantos da primavera.

Nuvens... nuvens... nuvens... oh

nuvenzinhas passageiras,

levai-me, céus-andeiras

junto aos versos, minha mó.

A salutar convivência

entre a caneta e o verso

tem sido meu universo

nesta vida inclemência.

Sereno buscando avatares

entre seixos, entre escarpas,

o riozinho de águas parcas

cresce rumando os mares.

Sentado diante da natureza

eu me encho de ousadia,

buscando o belo, a Beleza,

vendo Poesia onde há Poesia.

A nuvenzinha perdida

lá na lonjura do céu,

solita, sem guarida

e sem destino, vai ao léu.

Devo ser um privilegiado

nesta noite de grugumilus,

cá no "bosco" iluminado

ouvindo a sinfonia dos grilos.

Altas horas, horas tantas

estamos confabulando,

noite a dentro versejando

o bardo e as musas santas.

Sábado de encher os olhos

e a natureza sorrindo,

nem lá nos mares de Abrolhos

teremos um dia mais lindo.

Eu sou apenasmente eu

amparado pelos versos

buscando nos universos

rimas-pepitas, consumo meu.