T R O V A S (7)

Sopram as auras fresquinhas

ali nas vacarias do mar,

brisas quase molhadinhas

gotejando versos a vagar.

Estou com os livros - meu mundo,

embrenhado na biblioteca

onde o silêncio é profundo

e o grito é baixinho - heureca !

Mesmo atrelado aos tais

ditames da pura Razão

não renunciarei jamais

as doçuras do coração.

Ventos ventinhos ventantes

nesta manhã domingueira...

Verdes verdinhos verdejantes,

vida imensa a vida inteira.

Balança pra lá, balança pra cá

balançando a minha rede,

e vejam todos, pois vede,

é o balançar no be-a-bá.

Espalhando as minhas trovas

com ousadia aos quatro ventos

tenho dado também provas

dos meus primários inventos.

Tenho tido estado cansada,

diz ela com gravidade,

mas a certidão amarelada

mostra pura velh(a)(i)dade.

Coisa gostosa do mundo

as cortinas balançando,

com ares puros agitando

meu pensamento giramundo.

Procuro a essência gaia

e encontro num segundo,

o sirizinho cá na praia

cuspindo areia no mundo.

Neste eterno mundo-cão

faço o que Cristo já fazia,

espalho de mão em mão

meu evangelho com alegria.