Ao cinema
Nunca fomos ao cinema,
falo de mim e Francine,
de tranquilo caiu o trema,
nós agora iremos ao cine;
só não prometo atenção
à tela ou ao bom filme,
se for boba a minha mão,
ter mão boba não é crime;
faz tempo que não a vejo,
saudade é uma eternidade,
mas guardo ainda do beijo
em nós a mútua vontade;
Francine mora lá em belém,
eu cá na região sudeste,
foi pouco ainda meu bem
o amor que tu me deste;
mas no pouco há fermento,
de muito inefável afeto,
logo, logo, é bem perto
de chegar nosso momento;
o cinema apenas é rima
com vazia sessão da tarde,
quando em beijo ainda esgrima
língua com língua que arde;
e assim que o filme acabar,
não terminaram os atores,
se for para mais amar,
ainda irei aonde fores;
Francine, Francine, Francine,
quem vai a Belém sou eu,
e quero que me fascine
ficar sem você me doeu...
mas saudade nunca mata,
quando o tempo é um detalhe,
o detalhe é que me mata,
sei que fiz em ti entalhe;
também marca em mim ficou,
de batom e de carinho,
agora sou eu, eu sou
quem volta ao seu caminho;
até breve eternidade,
meu tempo está no futuro,
vou matar essa saudade,
no cinema bem no escuro...