QUANDO FEVEREIRO CHEGAR

POR CARLOS SENA


 
Com sua licença Geraldo,
que meu bloco quer ficar.
Na avenida o bloco passa,
na vida, por que passar?
Com sua licença Azevedo
que Geraldo quer desfilar.
Meu bloco ficando alegra,
fevereiro não me apiedas,
por que não queres chegar?

“Quando fevereiro chegar,
saudade já não mata a gente.
A chama continua, no ar o fogo vai deixar semente.

A gente ri a gente chora ai, ai, a gente chora.
Fazendo a noite parecer um dia”. (...)

Com sua licença Geraldo para entoar essa Incelença:

 
 


Quando fevereiro chegar
Meu bloco vai sair a esmo
Meu povo vai correr pra Olinda
Eu corro pra comer torresmo.

Meu bloco sai de dia parecendo noite
Sai de noite parecendo o dia
Homem da meia noite, açoite o bote,
Homem da meia noite, cadê a mulher do dia?

Quando fevereiro chegar quero ir,
Quando meu amor se for quero partir...

De Olinda quero vênia
Do Recife quero bença
De Petrolina Geraldo
De São Bento Alceu Velença.

Quando fevereiro chegar
A nau Catarineta me traz Tonho
O coreto me traz tonheta
Meu dueto é com Spok
A batida é da baqueta...

Quando fevereiro chegar
No porto não há solidão
Há nau que fraga
Há nau que frágil
Há nau de  ave e de avião...

Quando fevereiro chegar Geraldo não chega não
Azevedo já se mudou mora na coroa do Avião.

Deus meu, deus meu, deus deu e ninguém diz
Deu infinito ao condor
Deu frevo na Imperatriz.

Quando fevereiro chegar, Olinda cala em seu canto
Sou eu querendo cantar!
Sou eu querendo entoar
Acorda Elefante avante,
Pitomba no cacho quero chupar,
Espere Recife que não sei se volto
Mas só quando fevereiro chegar...