Uma Resenha em forma de acróstico - Os Irmãos Karamazov

Sobre o autor: Fiodor Dostoiévski. 30/10/1821 - 28/01/1881. Escritor russo. É tido como o fundador do existencialismo. Influenciou o modernismo literário e várias escolas da teologia e psicologia por suas idéias. Suas obras: Pobre Gente; Recordações da Casa dos Mortos; Crime e Castigo; Os Irmãos Karamazov, foi concluído um ano antes de sua morte.

Esse autor morreu com menos de 60 anos e produziu obras espetaculares que viraram filmes de sucesso os quais tive a oportunidade de assisti-los. A leitura dos livros é incomparavelmente muito melhor, mas ver a obra cinematográfica depois de ler os livros é muito interessante. Fico imaginando se tivesse vivido mais alguns anos e continuasse a escrever, quantas não seriam as obras que hoje estaríamos falando?

Nos próximos parágrafos, para ser mais preciso do quarto ao vigésimo, falarei a respeito de apenas uma das obras que li de Fiodor Dostoiévski: - OS IRMÃOS KARAMAZOVI.

Foi muito interessante minha experiência com este autor e com seu livro. Eu tinha apenas 18 anos, ou menos. Era um sonhador e achava que, quando eu crescesse e me tornasse alguém, eu seria um transformador de vidas. Bem, eu estava sedento querendo descobrir o mundo por meio da literatura uma vez que seria o caminho mais fácil de viajar mundo afora.

Imaginem que buscava na literatura um ateu e queria nele encontrar uma identidade que me levasse a solidificar minhas opiniões internas sobre a religião. Eu me imaginava como um cientista e queria fazer de todo jeito Engenharia Aeronáutica, no Instituto de Tecnologia da Aeronáutica – ITA. Incrível, o que menos queria era algo a ver com religião uma vez que esta não me explicava nada, antes complicava tudo.

O Jornal Folha de São Paulo foi quem me apresentou ele e sua obra em um encarte de literatura. A atração pela obra foi assim como o amor de um jovem por uma donzela: arrebatador! Bom que não me preocupei com o número de páginas, nem com as palavras difíceis que encontraria pelo caminho.

Decidi, então, comprar o livro e um dicionário para que eu não perdesse uma única palavra ou idéia que pudesse me parecer desconhecida. Lendo assim, nunca, em minha vida, fiz tantas pesquisas e anotações do provável significado do contexto.

Organizei um espaço confortável, um tempo dedicado à leitura, lápis, caderno, borracha para anotar as idéias e assim comecei minha aventura em um dos livros mais fantásticos que já li até hoje. Imaginem como estava alegre e motivado!

Recordo-me que enquanto navegava naquelas páginas maravilhosas e bem escritas, meu coração se acelerava em expectativas para saber o desenrolar dessa história tão fantástica. Ah, que bom que quando lia as suas páginas nem suspirava e as horas passavam sem eu jamais dar conta que elas existiam.

Dimitri, Aliocha, Ivan eram aquelas personagens que fiquei extasiado em conhecer suas idéias, pensamentos e imaginações. Onde vai a cabeça do homem, pensava quando meditava naquela obra de ficção.

O ateu Ivan, um dos irmãos, o intelectual, me chamou a atenção e ali, nele, pude ver o que, de fato é ser ateu de verdade. Meu Deus, dizia, não me deixes ser como Ivan!

Senti foi uma grande aversão e notei que ele nada tinha em comum comigo, com minhas crenças e valores. Assumir o ateísmo e ser autêntico em crença não era a minha praia.

Trechos da Bíblia Sagrada eram citadas nas discussões acaloradas entre um e outro. Habilmente o autor nos fazia pensar, refletir em cada fato narrado. Isso ele fazia com maestria e habilidade de um escriba versado em corações.

O meu coração se encantou com Aliocha e seu jeito de ser. Ele não cria em Deus de forma religiosa, mas sua vida era uma comunhão constante com o divino. Os céus parecia que não ficavam tão longe assim e Deus, o criador dos céus e da terra, já me eram tão reais por meio de seu mundo.

Irmãos Karamazovi foi assim um livro que não li, mas bebi, sorvi e quando chegou ao seu final, o lambi. Gostei. Amei. Aprendi muito. Recomendo a cada um a sua leitura e mais do que isso toda a sua coleção de escritos.

É verdade que a história é trágica e cruel onde o pai é assassinado por Dimitri, o colérico, que agiu sob a inspiração e plano de Ivan, seu irmão. Lamentamos as tragédias e os vilões, mas a nossa história desde o Éden é assim mesma.

Vejo que as letras tem o poder de criar em nossas mentes cenários e ilustrações tão reais que mesmo tendo passado tanto tempo, ainda assim permanecem vivas. Incrível que o tempo passa e com ele vamos todos caminhando rumo à morte que nem parece existir em nossa jornada.

São mais de 33 anos decorridos e este livro fantástico que mudou a história da minha vida, aproximando-me mais de Deus e da vida, até hoje, permanece fresco em minhas memórias tanto que para redigir esse documento nada consultei. Viver é um dom de Deus por isso que ele colocou em nós, como diz o poeta em Eclesiastes, a eternidade em nossos corações de forma que jamais pensamos que um dia morreremos e ainda que morramos, ressuscitaremos para vivermos eternamente.

Karamazovi significa, muito provavelmente, pela composição de suas palavras, aquele que com seu comportamento desacertado provoca a própria punição. Eu não pude realizar meu sonho no ITA uma vez que os estudos na minha época exigiam que eu não trabalhasse e somente estudasse, mas desde cedo tive de ganhar meu próprio sustento. Refletindo em tudo que escrevi não posso deixar passar a oportundiade de, por meio dessas letras, colocar uma mensagem subiliminar dupla.

Irmãos Karamazovi, em suas mais de 700 páginas, foi assim uma obra apreciada e admirada, tanto pela crítica como inclusive por Freud como a maior obra da história, representativa do embate na relação entre pai e filho. O meu recado, a partir do quarto parágrafo até o vigésimo, é duplo, em forma de acróstico, tanto nas primeiras letras, quanto nas últimas frases de cada parágrafo.

Daniel Deusdete
Enviado por Daniel Deusdete em 30/08/2017
Código do texto: T6099804
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