Pureza nem sempre é realeza

Quando você é 100% alguma coisa, geralmente você não precisa dizer: Ta na cara.

Ou geralmente você está enfrentando algum problema de existencialismo.

Gritar pro mundo inteiro que “sou isso ou sou aquilo” pode ser um grito de socorro ou um exibicionismo ou alguma quebra de tabu que coloca você em evidencia.

O mais correto é você refletir sobre sua ação e o alcance dela. A sua área de abrangência pode ser quase que o seu próprio espelho e você pensa que está colocando o mundo inteiro em ebulição à sua volta e acaba se tornando um ridículo suportável, desses que a sociedade tem que engulir. É um daqueles genéricos fruto da imprensa sensacionalista.

Tem gente que diz:

Sou 100% Jesus. Não faz sentido, uma impropriedade inaceitável. Não existem pessoas 80% Jesus e 20% Buda, por exemplo. Mas existem alguns humanos que carregam essa etiqueta, mas se formos analisar a sua composição psíquica e comportamental, ele na verdade deveria carregar uma etiqueta 20% Jesus, 30% Barrabás e 50% Carlinhos Cachoeira.

Ai uma pessoa Afro-descendente veste uma camiseta e lá nas costas ou na frente está estampado:

100% negro. Mentira, no Brasil não existe negros de raça pura e muito provavelmente até mesmo lá no coração da África, como também não existem mais os 100% branco.

Chega a ser engraçado dizer, mas no tempo moderno a tecnologia avacalhou com tudo isso. Até a segunda pele que você veste, a roupa perdeu aquela pureza (no sentido técnico, claro) do tipo 100% algodão que recebe agora uns 2 ou 2% de elastano, para esticar e dar um pouco mais de conforto. Ou então uns 20 a 30% de poliéster, para que você não precise mais passar a camisa quando chegar no hotel.

Eu diria que o 100% está hoje totalmente desmoralizado, pois o mundo é um grande laboratório, onde o ser humano é o cientista louco e ele para evoluir, vive misturando tudo existem algumas rejeições que vão de encontro ao paladar e do gosto pessoal de cada um.

Você vai encontrar muito pouca gente que vai misturar o suco de goiaba com um suco de manga, mas o suco de abacaxi com melão, cai no gosto universal. O cafezinho puro, 100% forte tem a sua hora, o seu momento e já no desjejum o café com leite teve uma aprovação universal.

Se aprofundarmos o assunto filosòficamente, vamos ter confrontos de 100% que na lista de preferência, uns preponderam sobre os outros: Por exemplo: Uma roupa 100% poliéster na camisa do homem ou blusa de mulher, fica em total desvantagem quando confrontada com uma 100% algodão, ou 100% viscose. Mas ai, vem a lei natural da relatividade: Uma bermuda 100% poliéster na praia tem a vantagem sobre a 100% algodão por razões obvias e que todos sabem.

Portanto, conclui-se que somos a uma grande loja de conveniências, onde existem misturas felizes e misturas infelizes. Chocolate com leite deu certo, mas Xuxa com Pelé, como diz o Bahiano, não conjuminou.

Cada um que analise e tire suas próprias conclusões.

Luiz Bento (Mostradanus)
Enviado por Luiz Bento (Mostradanus) em 12/05/2012
Reeditado em 13/05/2012
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